segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Os "Pais" da SOCIOLOGIA: ALEXIS DE TOCQUEVILLE (n. 29 Jul.1805; m. 16 Abr.1859)


Alexis Henri Charles Clérel, visconde de Tocqueville, dito Alexis de Tocqueville, nasceu em 29 de Julho de 1805.
Alexis de Tocqueville pertenceu a uma grande família aristocrática normanda. Era bisneto de Chrétien Guillaume de Malesherbes e tinha ligações familiares com o visconde de Chateaubriand. Seus ancestrais participaram da batalha de Hastings em 1066, que concretizou a conquista de Guilherme, Duque da Normandia e o fim da dinastia de reis anglo-saxões na Inglaterra. Seus pais, Hervé Louis François Jean Bonaventure Clérel, conde de Tocqueville, soldado da guarda constitucional do rei Luís XVI e Louise Madeleine Le Peletier de Rosanbo, escaparam da guilhotina graças à queda de Robespierre no Ano II (1794). Destino diferente teve seu avô, o Marquês de Rosanbo, que foi executado.
Após exílio na Inglaterra, Hervé e Louise retornaram à França durante o Primeiro Império (1804-1815). Aos 16 anos Tocqueville entrou para o Royal College, em Metz, para estudar filosofia. Durante esse tempo Tocqueville começou a ter dúvidas sobre o papel da aristocracia no governo francês e sofreu uma profunda crise religiosa que teria efeito para o resto da vida. Depois de terminar no Royal College, aos 18 anos, Tocqueville voltou a Paris, onde estudou direito.
Embora consagrado pela posteridade como homem de letras, sociólogo da democracia moderna e historiador do Antigo Regime, Alexis de Tocqueville sempre ambicionou ser um homem da política. Em 1827 Hervé torna-se “Pair de France” e “Préfet” de Versalhes (a prefeitura mais importante de França), enquanto Tocqueville filho, recebeu uma posição como aprendiz magistrado no tribunal de Versalhes. Tocqueville começa a ter cada vez mais simpatia pelo liberalismo, como resultado da sua crença que o declínio da aristocracia em França era inevitável.
A revolução de Julho de 1830, em que Carlos X abdica e Luís Filipe subiu ao trono, trouxe fortes repercussões na vida de Tocqueville. Como resultado desta revolução, a família Tocqueville perdeu a sua nobreza e posição que tinha, tornando-se a sua situação precária. Isto levou a que Tocqueville verificasse que a França caminhava para a democracia e viu os Estados Unidos como um modelo a seguir. Consegue viajar para a América, a pretexto de querer estudar reformas prisionais, mas o seu grande objectivo era adquirir conhecimentos sobre o desenvolvimento político americano, que esperar à posterior usar em França. Tocqueville viaja também para Inglaterra para estudar o sistema político britânico.
Em 1835, escreve a primeira parte do livro “A Democracia na América”, onde faz um relato muito positivo e optimista do governo americano e da sua sociedade e nesse mesmo ano casa com Maria Montley, uma inglesa. O casamento foi um escândalo para a família, pois consideravam Maria Montley de um estrato social inferior. A mãe de Tocqueville morre em 1836.
Após a morte de sua mãe, reencontra a política e em 1836, Tocqueville lança a sua primeira candidatura à Câmara, na qual foi derrotado. Em 1839, conseguiria a primeira de uma série de vitórias que o manteriam na câmara até o golpe de estado de 1851.
Em 1840, publica a segunda parte do livro “A Democracia na América”. Sendo muito mais pessimista que o primeiro, fala do despotismo e dos perigos da centralização governamental e como resultado não foi recebido com o entusiasmo do primeiro, em França, embora altamente elogiado em Inglaterra.
Em 1841, Tocqueville é eleito para a Academia Francesa e Academia de Moral e Ciência Política. Nesse ano visita a Argélia, uma colónia francesa e critica os militares franceses e a burocracia do país.
Na Câmara dos Deputados, Tocqueville defendia a expansão do poder naval para desafiar o domínio britânico e apoia o papel da Igreja Católica em relação ao ensino e às Universidades, sendo assim coerente com o que escreveu no seu livro “A Democracia na América”. Tocqueville estava cada vez mais a movimentar-se para uma politica de esquerda, tornando-se em 1844 proprietário do jornal “Le radical do Comércio”, mas deixou-o no ano seguinte devido ao fracasso financeiro.
Em 1846, alinhou-se à “nova esquerda”, facção da Câmara e os partidos de esquerda iniciaram uma campanha para angariar apoios, Tocqueville faz um discurso no início de 1848 a prever a eclosão de uma revolução, mas a sua advertência foi ignorada.
Tocqueville era contra a revolução que finalmente acontece, em 1848, tal como previra, no entanto ajuda a formar um novo governo, é eleito para a Assembleia Constituinte e ajuda a escrever a Constituição da Segunda República. No ano seguinte foi eleito para a Assembleia Legislativa tornando-se seu Vice-Presidente e Ministro dos Negócios Estrangeiros. Esta situação não durou muito tempo porque o Presidente Luís Napoleão Bonaparte o demitiu do cargo. Tocqueville sofre um colapso físico e vai para Itália recuperar a sua saúde.
Retorna a Paris em 1851, opõe-se fortemente ao governo, é preso por pouco tempo, e é impedido de exercer cargos públicos, porque se recusa a jurar lealdade ao novo regime.
Fora da vida política, Tocqueville escreve “O Antigo Regime e a Revolução Francesa no início de 1850, onde relata a história de França que antecedeu a revolução de 1789, onde enfatiza os factores que levaram ao fracasso francês.
Em 1856, morre o seu pai e passados apenas alguns anos, em 16 de Abril de 1859, em função de uma crise de tuberculose pulmonar morre Alexis de Tocqueville.

Obras
1833  États-Unis et le son application en France
1840  De la Démocratie
1856  L’ancien régime et la révolution

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